sexta-feira, 30 de novembro de 2007

"Os Bombeiros Municipais de Santarém (BMS) estão a investigar uma denúncia sobre uma alegada sessão de sexo ocorrida no quartel, que envolveu duas bombeiras e um bombeiro e foi filmada por um segundo bombeiro, todos eles voluntários."

In Correio da Manhã

Pois... todos eles voluntários. A partir de agora acho que vou passar a ter outra perspectiva da expressão "Bombeiro Voluntário".

...estou a pensar seriamente em entrar numa dessas (fan)farras santarenas


Répi bârzdei para mim xD

Esta desgraça faz anos hoje... e pronto :\

é só.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Bruce Dickinson - The Tears of the Dragon



For too long now, there were secrets in my mind
For too long now, there were things I should have said
In the darkness...i was stumbling for the door
To find a reason - to find the time, the place, the hour

Waiting for the winter sun, and the cold light of day
The misty ghosts of childhood fears
The pressure is building, and I cant stay away

I throw myself into the sea
Release the wave, let it wash over me
To face the fear I once believed
The tears of the dragon, for you and for me

Where I was, I had wings that couldnt fly
Where I was, I had tears I couldnt cry
My emotions frozen in an icy lake
I couldnt feel them until the ice began to break

I have no power over this, you know Im afraid
The walls I built are crumbling
The water is moving, Im slipping away...

I throw myself into the sea
Release the wave, let it wash over me
To face the fear I once believed
The tears of the dragon, for you and for me

Slowly I awake, slowly I rise
The walls I built are crumbling
The water is moving, Im slipping away...

I throw
Myself
Into the sea
Release the wave, let it wash over me
To face
The fear
I once believed
The tears of the dragon, for you and for me

I throw
Myself
Into the sea
Release the wave, let it wash over me
To face
The fear
I once believed
The tears of the dragon, for you and for me

domingo, 25 de novembro de 2007

Fechem a Porta (II)


Os portugueses só dão a devida importância a assuntos que digam respeito às suas carteiras. Aí sim, toda a gente tem voz activa, espumam indignadamente pela boca a afirmar que o estado é o maior monstro de todos, ladrão confesso e reincidente porque se pagam impostos a mais, taxas demasiado altas, é intolerante, insensível e implacável para com os devedores, porque pagamos, repagamos e tornamos a pagar por nada ou por muito pouco. As políticas sociais são consideradas por muitos meras lamúrias, porque a guita é que conta e, se tenho guita, os outros não têm porque não se esforçam o suficiente. Se não tenho, é porque sou um desgraçado que não consegue viver num país de ladrões.

Frases como "ando eu a pagar ao estado para aquele andar aí sem fazer nada" dizem tudo. Dizem brutalmente tudo, na medida em que podemos ver que, mais do que saber a razão pela qual alguém não faz nada, importa fazer passar a imagem de que se é um mártir, um injustiçado, alguém que considera ter plena consciência do seu mais alto valor em relação ao próximo, sem ser reconhecido como tal e aí sim está o busílis. O núcleo! O cerne do queixume é o querer estar desniveladamente acima de alguém. Em suma: busca-se a bajulação, e alcança-se a pequenez.


Ninguém se preocupa de estar a pagar impostos para sustentar funcionários públicos pedófilos, educadores que recebem rendimentos extra a alugar crianças (que, por incrível que possa parecer a muita gente, não valem menos do que os filhos de ninguém) à hora. Quando se entrega uma criança a uma instituição não se pretende formar precocemente actores porno e prostitutos de fisga no bolso. É todo um novo conceito de "Empresa na Hora" - para funcionários - e de "Maior aposta na formação profissional" - para miúdos.

"Aquilo na Casa Pia sempre foi assim"

A pedófilia está a a banalizar-se em Portugal a passos largos. Já não se dá a devida importância a este flagelo que veio mais a público nestes últimos anos. Grosseiramente foram vindo a ser noticiados centenas de casos. De tal forma que as pessoas já não se chocam, as pessoas começam a não ligar ao assunto, começa a ser algo de normal.
É extremamente grave, na medida em que se o estado é um tutor incompetente e a opinião pública só se pronuncia verdadeiramente sobre assuntos que tocam directamente nas carteiras de cada indivíduo, então um dia, muito provavelmente teremos a infelicidade de assistir, indignados, a uma parada do orgulho pedófilo a desfilar na Av. da Liberdade.

Tivemos a Tolerância Zero nas estradas portuguesas que fundamentalmente resultou na muito conhecida caça à multa.
Teremos no ano de 2008 a Tolerância Zero à fraude fiscal.

Para quando uma Tolerância Zero à pedofilia?

Para quando uma Tolerância Zero à violência doméstica?

Para quando um Simplex dirigido ao instituto da adopção?

Para quando verdadeiras políticas sociais que não sejam apenas meros cobertores, que tapam (sem esconder) a intenção secundarizada de adquirir mais e mais fontes de receita?

Para quando um estado que olhe para as pessoas como pessoas, em vez de se limitar a ordenhá-las como se estas fossem meras vacas?

Para quando uma sociedade que DÊ importância ao seu próprio bem estar em vez de teimar em seguir uma rota, de um ouro que não existe?

...é que sempre fomos assim e andamos em círculos, teimamos em dar murros em ponta de faca.

Mudar ou insistir num erro quase milenar?

Se se sentir mal, coloque mais sal na comida, e se ainda assim não melhorar coloque mais sal ainda até se sentir bem. Se o conceito de Melhora for equacionável com o de Morte entra-se no âmbito de uma filosofia barata que saiu cara, quando afinal só queríamos que uma indisposição passasse.

Tende-se a resolver questões de elevado grau de importância, com recurso à persistência no erro. A política de prevenção rodoviária dos governantes resume-se ao agravamento das coimas, as crescentes agressões de que os agentes de autoridade são vítimas resolvem-se com mais policiamento, em suma: combate-se a fome com mais fome e o excesso com mais excesso. Ora isto é algo que não resulta nem nunca resultou em nenhuma das várias ciências, sejam elas sociais\humanas ou exactas.

O laxismo de todos em relação ao que se passou e continua neste preciso momento a passar-se na Casa Pia, não se combate com mais laxismo mas sim com mudança, redireccionamento, inovação, competência e sentido de responsabilidade.

Fechem a Porta

A Casa Pia é um formigueiro daqueles que, no momento em que lhe pomos o pé em cima para o desfazer, as formigas teimam imediatamente em reconstruí-lo. Os pedófilos foram afugentados há poucos anos e estão novamente a reagrupar-se, da mesma forma, com os mesmos procedimentos e mais uma vez estão a conseguir.

A década de 70 já lá vai há muito tempo, desta vez não há desculpa. Novamente o valor mais alto da incompetência se "alevanta" sendo o Estado Português um Estado laxista, omisso e manifestamente ineficaz.

Que sentido tem esta política que retira crianças aos pais por estes não terem condições para criar os filhos e que ao mesmo tempo sujeita crianças a práticas pedófilas? O Estado não tem condições para dar sentido ao princípio directivo - interesse superior da criança - íncito na Convenção sobre os Direitos da Criança de 20 de Novembro de 1989, adoptado por unanimidade pelas Nações Unidas (da qual Portugal faz, naturalmente, parte) que o obriga a ter a responsabilidade da educação e orientação dos menores a seu cargo?

Não tem?

Então dê a chave da porta a Espanha que eles sabem gerir um país muito melhor do que nós.
Estado exíguo, província espanhola, qualquer coisa é melhor que esta politiquisse do "não me chateies", e até dão importância às normas legais e sociais que não geram receita.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Grandezas e Manias



Ontem (terça) tive o prazer de observar em Lisboa algo que me chamou particularmente à atenção: uma Limousine.

Chama sempre à atenção ver aquele portento sobre rodas (seria Lincoln? Penso que sim), a circular devagarinho ao início da noite pela avenida da Índia, com os seus vidros fumados, tez creme, corpulência salsichenta (pelo seu comprimento imenso e arredondado) e luzes. Muitas luzes.

Fiquei muito contente por ter tido oportunidade de observar uma limousine, não por ter sido a primeira que vi (que decerto não foi), mas porque adoro limousines. O facto de não ser rico não me impede de gostar ou deixar de gostar deste tipo de bens, muito pelo contrário, considero mesmo que uma das razões que me levam a sentir certa atracção visual por estes carros centra-se incisivamente na minha escassez de numerário.

Elas até são bonitas, feitas para quem compra, e para pôr um brilhozito nos olhos de quem gosta de as ver passar. Se calhar é um sinal de futilidade da minha parte, mas eu não entendo assim.

"Ah e tal para que é que eu queria uma limousine? Isso é mania das grandezas!"

Talvez seja, embora nada exista de novo nisso.
Largos milhares de pessoas esvaziam a carteira à sexta feira para se habilitarem a um sonho que podia erigir pilares de tantos outros sonhos, e dele não abdicam.
Muito mais do que no Totoloto, investe-se o que se tem e o que não se tem no Euromilhões. Imediatamemte podemos vislumbrar a razão de ser de tal escolha: O Prémio é maior!

O jogo é mais caro, as probabilidades de ganhar são menores, mas o prémio é muito superior ao que se poderia eventualmente auferir num vitorioso palpite tótólótico. Então, temos presente a mesma mania das grandezas: Porque raio vou jogar para 700 mil euros no Totoloto se no Euromilhões posso ganhar 30 milhões?

"Ah se me saísse só 5 mil euros já me chegava"
No Totobola, jogo que dos três mencionados é o que oferece valores mais baixos, muito pouca gente joga. Porque razão? Não gostam de bola e não sabem dar palpites sobre os resultados. Ok, até entendia se no Totoloto e no Euromilhões existisse alguma temática de fundo que fosse de alguma forma perceptível ou que existisse alguma espécie de fio condutor que sugerisse resultados possíveis. O Totobola não é tão aleatório como os restantes, existe um pano de fundo, existe sugestão e precedente que, aliados a um elevado grau de felicidade momentânea, podem oferecer um prémio.

Sim, a limousine...
A certa altura, na sua curta passagem diante dos meus olhos (que calibravam a minha imensa satisfação, que se quer discreta), oiço um barulho, oiço algo a chocalhar lá de dentro. Atónito com tal acontecimento, que abalou de forma automática a minha social-indigência grosseira, pensei: - Que foi aquilo? Correia de distribuição?? (risos) - Nada disso! Estava a haver uma festança lá dentro. O que estava para ali a chocalhar eram pratos e copos. Pelo barulho que ouvi deve ter caído tudo. Garrafa de champanhe e balde de gelo incluídos.

Conclúo que terão sido derrubados por um de dois factores: um relevo mais acentuado do asfalto, ou uma extremidade mais insolente, naturalmente acoplada a um dos intervenientes no festim.

Na primeira hipótese estamos perante a tradicional mania das grandezas do poder local. Há que culpabilizar a Câmara Municipal de Lisboa por dar prioridade a obras megalómanas, esquecendo a "raia miúda" que são os pequenos arranjos na estrada.

Na segunda hipótese, tendo um dos sujeitos naturalmente afecta a si uma extremidade
tão imensa como capaz de derrubar garrafas de champanhe, e escolhendo um carro daqueles, por favor alguém lhe tire a mania... à grandeza.

...e eu que apenas gosto de ver as limousines e nem jogo...



quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Saudade


Para os casalinhos e amiguinhos que se chateiam, amuam, não se falam, embirram, complicam, duplicam triplicam e quadriplicam, fica uma quadra em jeito de pensamento...

Saudade de alguém ausente
Não é nada comparada
Com aquela que se sente,
De quem vive ao pé de nós!



segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Apanhámos os gajos pah!!!


WoW!!!!


Hoje as nossas caixinhas mágicas foram invadidas por uma notícia deveras refrescante!

A Polícia apanhou assaltantes.

Toda a gente de norte a sul do país soube que a PSP apanhou 3 pretensos assaltantes em flagrante delito quando tentavam "açambarcar" as notas do Finibanco de Moscavém, ou será Sacavide?
Ah é isso! Moscavide.

Perguntarão alguns: Então mas não é para isso que a Polícia serve?
Responderei: Não :\
Serve, serve para quê? Quantos bancos são assaltados anualmente em Portugal? Éne? Paletes? Bués? Resmas?

Ah mas pronto, «apanhámos os gajos pah» dizia a mui-ofegante Sub-Comissária Paula.

Que raio, esse não é o trabalho dela e da esquadra que dirige? Imagine (quem ler) que cada vez que acertasse nas funções mais básicas inerentes ao seu trabalho, tal ocorrência fosse de tal forma rara que seria motivo de festa, de gaúdio, de baba a rodos, relinchos de satisfação, "sou o maior", imagine que toda a gente à sua volta batia palmas porque você fez o que era suposto, o que lhe competia fazer.
Sei de mim e garanto que perante tal facto (meramente hipotético) sentir-me-ia um tremendo atrasado mental.

O jantar de firma para festejar a evolução da popular administrativa, (respeitada pela sua antiguidade na empresa) que pela primeira vez não precisou de reiniciar o computador para transitar de MAIÚSCULAS para minúsculas (oh... esqueci-me de salvar este arquivo).

Um concerto do Toy com direito a pirotecnia, para comemorar a sapiência adquirida por um dos colaboradores do saneamento urbano (de certo município) que conseguiu perceber (de per si) que o contentor do lixo é uma Pá pesada demais, como tal pouco prática, e finalmente deu uso àquilo a que anteriormente chamava de "abre olhos".

Bem,
abandalhado por esbandalhado vamos lá então dissertar sobre a actividade das nossas polícias.

Quando não "apanham ladrões" (que corresponde a 90% do tempo no espaço de um ano), o que fazem...

Grande parte destes seres desocupados desenvolve, pelo seu demasiado tempo livre, atributos algo promíscuos. Não os condeno. Claro que não.

Temos por exemplo os adeptos do chamado "Spanking" e "BDSM" em geral.


Os "Stalkers" ou Predadores de calçada...


Não satisfeitos, alguns enveredam mesmo por caminhos um pouco mais doentios e tortuosos no que à interacção diz respeito...

Há os que se deliciam a apalpar o rabo às senhoras nas paragens de autocarro.


Outros há que por um grande bafo de azar enveredam pela prostituição de rua, como ela é


Alguns são mais bafejados pela sorte.


Outros nem tanto


okokokok e umas "bejecas" pelo meio.



Maaaaaaaas.......... nem tudo é negro e o sentido de oportunidade aliado a uma criatividade engenhosa e ilimitada das grandes multinacionais é um grande olho que tudo vê.

A Sony juntou futilidade, diversão, vício, fluorescência e inutilidade num só produto:

...e chamou-lhe PSP

Quanto à GNR, já é representada (e muito bem) há largos anos pelo sorriso amarelo e diarreico do nosso Rui Reininho, que define esta força policial de forma até hoje considerada suficiente.

domingo, 18 de novembro de 2007

ASAE (Parte III)


"para ver chouriços não é preciso ir de coletes à prova de bala"

Moita Flores


Bem... depende do chouriço. Não vá surgir de rompante algum daqueles projécteis enchouriçados, disparados por alguma cavidade rectal com um acumulo de gases mais denso. Isso é muito comum em feiras de enchidos e ninguém quer que a ASAE se vá encher de m*rda, ups perdão... de alheiras, não é verdade?
"Eles não dão qualquer valor a estes miúdos e
isso é o que mais me revolta. Se eles fossem
bonitos e loirinhos, como a criança inglesa,
o mundo mobilizava-se contra as figuras
tenebrosas que abusavam deles. O que
eu pergunto é se em Portugal não há senhores
e senhoras ricas que estejam dispostos
a apoiar uma associação que proteja
de abusos sexuais as crianças entregues
ao Estado, já que este não quer, não pode
ou não sabe protegê-las."

Catalina Pestana em entrevista ao jornal Sol.

Assino por baixo
Ontem fui ver o filme Corrupção.

e... muito sinceramente não achei piada nenhuma

sábado, 17 de novembro de 2007

O Diário de Elisa

Este texto foi transcrito manualmente de um livro chamado Diário de Elisa, por uma amiga minha que me autorizou a "colar" aqui.

«Nunca esquecerei uma tarde de 1996. Estava sentado no estúdio da minha casa, em Dallas, lendo o diário da minha filha Elisa. De repente, deparei com a seguinte mensagem do seu assassino:
''Sou a tua desculpa, o escape para a tua dor. Faço que te isoles e esqueças os teus problemas. Entorpeço os teus sentimentos e aqueço-te por dentro. Protejo-te do Mundo, que pode ser tão amargo e sem-coração. Faço que nada mais importe e, se não desistires, faço-te morrer''.
«Estas palavras são ainda mais arrepiantes escritas na letra de Elisa. A minha pequenina sofria de uma doença - bulimia - uma doença que sussurra ao ouvido dos que domina que enganem os que lhes são mais próximos e depois lhes grita dentro da cabeça que não valem nada. E que mata. Durante o tempo da nossa vida, aproximadamente 50 000 homens e mulheres morrerão de complicações relacionadas com distúrbios alimentares.
«Eu sabia da luta que Elisa travava contra a sua doença. Foi a luta de toda a nossa família durante anos. Mas não avaliei até que ponto era sombria até ao momento em que abri o seu diário. Quem me dera tê-lo lido enquanto ela ainda vivia! Tantas coisas que eu teria feito de outra maneira!
«Elisa foi um bebé milagroso. A minha primeira mulher, Judy, e eu passámos por uma série de abortos involuntários, pelo que decidimos adoptar uma criança. Em Junho de 1975, tínhamos dois filhos, Tate e Sally. Um mês depois, Judy soube que estava grávida. Quando os médicos nos disseram que esse bebé sobreviveria, nem quisemos acreditar. A miúda nasceu no dia 22 de Janeiro de 1976. Chamámos-lhe Elisa Ruth McCall.
«Era daquelas crianças sossegadas que nunca se cansam de estar ao pé de nós. O seu tio Bill chamava-lhe Miúda Velcro. Sentávamo-nos no sofá, olhávamos para baixo e lá estava Elisa, com os seus olhos castanhos grandes como pratos, encostada aos nossos joelhos. Não havia amor que lhe chegasse.
«Eu bem tentei. O que quer que fosse que a interessasse, eu participava. Quando passou para a quarta classe começou a praticar corrida, ajudei-a a treinar. Num dia de prova, reparei que havia nuvens carregadas no horizonte. ''Não penses na trovoada'', recomendei. ''Vai dar-te vantagem''.
«Mais tarde, quando o rugido dos trovões ressoou pelos céus do Texas e a chuva começou a cair, Elisa olhou para mim, sentado na bancada, como se eu fosse um adivinho e acelerou, adiantando-se aos adversários, apanhados de surpresa pela carga de água. Para nós dois, aquele olhar dissera tudo.
«Contudo, a sua necessidade de vencer, a sua obsessão perfeccionista, prenunciavam o futuro. Um dia, quando ela tinha 10 anos, encontrei-a sentada no quarto, amuada.
«''Que se passa, querida?'', perguntei. Ela estendeu-me uma lista de tarefas na qual se viam coisas como acordar, ir para a escola, limpar o quarto.
«''Não consegui fazer tudo'', declarou ela. Tentei explicar-lhe que não precisava fazer listas. Mas percebi que ela não estava a ouvir-me.
«Sempre acreditei que os meus filhos estavam em primeiro lugar. No meu bem sucedido trabalho de consultor financeiro, era costume dizer aos meus clientes ''Se um dos meus filhos telefonar, tenho de me ir embora''. E dizia aos miúdos: ''Podem sempre contar comigo''. Parecia muito virtuoso, mas na verdade só o era parcialmente. Esperava que os meus filhos viessem ter comigo, e eles faziam-no muitas vezes. Mas eu estava tão ocupado com o meu trabalho que talvez tenha falhado en aproximar-me deles.
«Entretanto, Judy tornara-se obcecada pela imagem e pelo desejo de ter uma família e uma casa perfeitas. Dizia às raparigas coisas como ''Não se pode ter êxito como mulher se não se for magra''. As duas raparigas bebiam leite magro, Tate bebia-o gordo. A nossa casa tinha que parecer saída das páginas de uma revista, sem uma única coisa fora do seu lugar, uma imagem perfeita.
«A combinação destes factores em Elisa deu um resultado desastroso.
''Queria ser uma cheerleader perfeita, magra, bonita, saudável, elegante. Queria estudar a Bíblia e ser útil aos outros... Durante o Inverno do meu segundo ano do liceu (1991), comecei a empanturrar-me e depois a passar fome durante dias. A regra era empanturrar-me um dia por semana ... Aos poucos, as barrigadas passaram a duas vezes por semana, e eu comecei a sentir que estava a descontrolar-me''.
«A Bulimia Nervosa é uma doença caracterizada por um ciclo secreto de acessos de fome incontrolável, seguidos de fases de purga. A doença de Elisa dominou-a por volta da fase de ruptura do meu casamento. O divórcio parece ter sido a gota de água, em parte porque significava que não éramos perfeitos. Tentei continuar a ser o pai que ela tivera quando vivíamos todos juntos, mas não fazia ideia do que se passava na cabeça dela. Ninguém sabia.
''Encontrei conforto nos meus amigos, mas isso acabou por não bastar. Não conseguia encontrar palavras para explicar como o que se passava em casa me magoava. Se o fizesse, isso implicaria que não queria ou não podia ser a pessoa perfeita que queria ser. Talvez também tenha pensado que, se fosse uma estrela do Liceu de Highland Park, poderia compensar tudo o que correra mal.''
«Em Fevereiro de 1991, Elisa tentou suicidar-se com uma overdose de comprimidos e foi internada na ala psiquiátrica do hospital. Os médicos diagnosticaram-lhe um distúrbio alimentar.
«Não parecia uma verdadeira doença. Seguramente, disse para mim próprio, ela há-de ter coragem bastante para parar de vomitar de propósito. Sempre fora uma lutadora desde o dia em que nascera.
«Após a sua hospitalização, na Primavera de 1991, Elisa veio viver comigo, e um nutricionista ajudou-a a fazer um plano de alimentação saudável. Pesava nessa altura cerca de 50kg. Assumi a atitude de que a minha filha era forte e sabia o que tinha de fazer para recuperar a saúde. Receava que, se andasse sempre em cima dela, se interferisse, ela interpretasse isso como intromissão ou desconfiança.
«Tentei, portanto, mostrar-me compreensivo e solidário, mas era doloroso vê-la numa inquietação com o seu aspecto. Porque não conseguia vêr-se a si mesma como nós a víamos? Eu dizía-lhe: ''És bonita, elegante e inteligente.'' Mas o que ela via era uma imagem distorcida do seu corpo, como a de um espelho de deformar. ''Sou gorda'', replicava.
«Apesar da sua incapacidade de quebrar os laços da bulimia, dava a impressão de levar uma vida estupenda e invejada por muitas raparigas. Era membro do grupo de dança, tinha muitos amigos e um excelente trabalho numa loja de roupas. E tornou-se cheerleader, o que para ela era um sonho feito realidade. Mas um aumento de peso de 5kg, que a deixou com um total de 55kg, roubou-lhe toda a alegria.
''Primeiro ano depois de ter chegado a cheerleader, deixei tudo ir por água abaixo ... Não tardou que me empanturrasse três vezes por semana. Depois, deixei completamente de me controlar. Com os amigos, tentava fingir que superara finalmente o meu problema com a comida ... Fiz um papelão, mas estava a matar-me por dentro ... A comida tornou-se a minha melhor amiga em todos os sentidos ... (No último ano) tentei desesperadamente acabar com as saias de cheerleader. Sabia que toda a gente via como eu estava gorducha.''
«Quando concluiu o liceu, Elisa quis recomeçar do zero. Isto depressa se tornou num padrão: mudou de universidade duas vezes, na convicção de que seria melhor. Mas depressa aprendeu que a doença ia com ela. Então, na Primavera de 1996, durante uma ausência minha fora do país, Elisa desistiu da escola e partiu para uma viagem pelo Colorado e o Utah. Ainda não percebera que não podia fugir de si própria.
''Como descontroladamente já há três dias. Deixei o motel e fui passear pela cidade à procura de comida. Parei quatro vezes para 'encher o bandulho' e depois decidi ir até ao Parque Nacional de Canyonlands ver as vistas, talvez acampar ... Mas acabei num quarto barato a comer gelado, tiras de frango, rodelas de cebola e batatas fritas e a ver televisão''
«Vários dias depois, foi internada num hospital de Moab, Utah, por tentativa de suicídio com comprimidos. Telefonou-me e fui a correr ter com ela. Quando cheguei, ela pareceu surpreendida.
«''Não acredito que não estejas zangado comigo, pai'', comentou.
«''Querida, por que haveria eu de estar zangado contigo?'', repliquei. ''Eu amo-te''. Não saberia ela o quanto?
«No caminho de regresso, disse-me que chegara a um novo patamar de compreensão sobre a sua doença. Embora o seu peso tivesse atingido cerca de 68kg, o que a perturbava imensamente, afirmou que tinha começado uma nova etapa cheia de força. Parecia sinceramente ter as coisas sob controle.
''Passei um dia óptimo, se pensarmos que tentei matar-me dois dias antes. Dei por mim a esquecer realmente que aquilo tinha acontecido. O pai é um tipo fantástico. Adoro estar com ele. Ao lado dele, posso ser eu mesma, e não é forçado ou só mental. Aceita-me tal qual sou e não fez um bicho-de-sete-cabeças desta tentativa de suicídio, que é exactamente o que eu preciso''
«De volta a Dallas, quis que a Elisa retomasse o tratamento. Ela recusou. Decidi mostrar-me duro:
« ''- Então, volta para a escola ou arranja um emprego.''
«Ela regressou a Austin, e eu telefonei ao seu terapeuta para lhe dizer que a Elisa ia voltar e que estava preocupado com ela.
«Vários dias depois, num domingo, o telefone tocou. A minha mulher, Leslie, atendeu e irrompeu em gritos. Peguei no auscultador. Um polícia de Austin deu-me a pior notícia imaginável:
« ''- Lamento muito, Mr. McCall, a sua filha morreu.''
«Elisa enforcara-se no seu quarto com uma corda amarela.
«Em retrospectiva, vejo até que ponto esperei que os meus filhos soubessem o que fazer e como abdiquei de tomar posições firmes. Muitas vezes devia ter dito ''Não, eu sou o teu pai e eu é que sei. É assim que vamos fazer''
«No caso de Elisa, não só as minhas suposições sobre as capacidades dela me turvaram as ideias, como lhe alimentaram a doença. Embora eu constatasse a realidade objectiva do estado físico de Elisa, coisa que ela não conseguia, a imagem que tinha da minha filha como uma mulher forte e confiante, capaz de derrotar a bulimia, estava errada. Na realidade, ela era uma rapariga fragilizada e perturbada que precisava desesperadamente do auxílio de uma mão firme.
«Muito tempo e muita angústia depois, compreendi que, embora não tivesse podido salvar a minha própria filha, talvez pudesse ajudar outros. Agora, a minha esperança é que os pais leiam a história de Elisa e tenham a oportunidade que eu não tive. Ou talvez o seu diário seja lido por uma jovem que nele reconheça a voz que escraviza o seu próprio espírito e faça uma escolha diferente: a vida.
«Como pais, temos que ser vigilantes, informados e conscientes. Uma intervenção precoce é fundamental. Um distúrbio alimentar é uma doença com sintomas. É frequente a sua filha levantar-se da mesa do jantar e desaparecer na casa-de-banho? Disserta regularmente sobre dietas e perda de peso e parece obcecada com a sua aparência e peso? São isto são sinais de alarme. Outros alertas podem ser uma perda de peso repentina ou o afastamento da escola e dos amigos.
«Se suspeita de alguma coisa, não pergunte à sua filha se quer ir ao médico. Leve-a a uma consulta. Esqueça isso de ser um amigo. É a vida dela que está em jogo. E não acredite quando ela lhe disser que está tudo bem. Isso não é a sua filha a falar. É o predador que se instalou nela: a voz que a convenceu de que é feia e não vale nada e que a única solução consiste em matar-se à fome ou, como no caso de Elisa, procurar um caminho ainda mais rápido. Mas não tem que ser assim. Só teve que ser assim connosco. É possível mudar. Já vi isso com os meus olhos. Era o que Elisa queria ver também.
''Espero que esta mensagem passe para a sociedade e lhe peça que preste atenção ... Com a minha morte, espero, influenciarei mais vidas do que conseguiria em vida''.»


Eu admiro...

imenso aquelas pessoas iluminadas (engenheiros, médicos, cientistas das mais variadas áreas) que me surgem no Bom Dia Portugal (que é o primeiro telejornal do dia) e que às 7:00 da manhã falam em directo de assuntos super complexos com uma lucidez de raciocínio genial quase sobre humana.

Eu nunca na vida conseguiria estar tão lúcido àquela hora da manhã.

Catalina, Joaquina e Gente Fina que é outra coisa..

Denúncias de Catalina foram «despropositadas»

Entrevistada esta noite na RTP1, Joaquina Madeira já admite que haja abusos sexuais na instituição que dirige. Ainda assim, criticou o momento escolhido por Catalina Pestana para denunciar os novos abusos
in Jornal Sol


Existe uma altura mais ou menos apropriada para denunciar casos de abusos sexuais de menores?

Dizer que a altura é pouco propícia a denúncias é o mesmo que dizer, a nú e a crú: "olha meu querido, temo dizer-te que terás de continuar a fazer sexo com velhos em troca de rebuçados e sapatos de ténis pois não vamos agora "levantar essa lebre"... e eu tenho uma carreira a defender."

O mesmo jornal cita em 10 de Outubro, as seguintes palavras de Catalina Pestana

«Não tenho dúvida nenhuma de que ainda existem abusadores internos na Casa Pia. E tenho fortes suspeitas de que redes externas continuam a usar miúdos da Casa Pia para abusos sexuais»

Outras foram proferidas pela actual provedora Joaquina Madeira, na mesma edição:

«Garanto que não tenho indícios de que existam abusos sexuais nesta casa».

Na edição de 15 de Novembro, Joaquina Madeira diz o seguinte:

«Há suspeitas. Não podemos falar em provas»

«Sempre que houver indícios, por mínimos que sejam, há que actuar imediatamente. Foi o que fizemos»

Existem contradições notórias nas palavras de Joaquina Madeira.

Então ela diz que há suspeitas, no entanto não há indícios. Podem existir suspeitas sem indícios? Fumo sem fogo?

Catalina Pestana antes de se dirigir à comunicação social, dirigiu-se aos orgãos institucionais competentes. De seguida comentou (e muito bem) sobre o assunto em entrevista ao jornal Sol. A opinião pública é uma arma muito forte, talvez a mais poderosa de todas e deve sem dúvida alguma ser utilizada para fins tão nobres como a completa extinção desses predadores sexuais que infestam uma instituição que no seu início se quis benévola para as crianças portuguesas vítimas de exclusão, pobreza, carências graves. A Casa Pia é uma instituição de todos nós e para todos nós. Ninguém sabe como estará amanhã, talvez alguns de nós infelizmente regridam para um nível de vida abaixo do limiar da pobreza, podendo não ter nada e com filhos por criar.

A Casa Pia pertence-nos. Temos o direito de opinar sobre o que se passa e de saber o que acontece lá. Se continuam os abusos, pois que se denúncie, que os abusadores sejam esmagados pela opinião pública já que a justiça tarda... ainda que não falhe.

Face a isto, face aos abusos continuados que não cessam, face a quem sofre com isso: Que se lixe o sentido de oportunidade da Dra. Joaquina Madeira.



ASAE (Parte II)

O Jornal Correio da Manhã refere ainda o seguinte:

O Inspector Geral da ASAE, António Nunes disse ontem ao CM que está empenhado em combater a ilegalidade no que toca a escutas telefónicas. “Com este tipo de operações planeadas, a ASAE vai fazer cumprir a lei que impede a utilização de escutas”


Este senhor intrometido não tem nada que colocar as unhas no âmbito da ilegalidade na utilização de escutas telefónicas pois o acto de escutar as conversas alheias nada tem a ver com actividades económicas nem com segurança alimentar.

A ASAE tem pouco ou nada a ver com a utilização de escutas. Este organismo foi criado com o fim de fiscalizar as actividades económicas e de segurança alimentar, tal como nos diz o Decreto-Lei n.o 237/2005 de 30 de Dezembro. É esse o fim único da criação da ASAE.
Ora, a utilização de escutas não é uma actividade económica mas sim uma conduta ilegal. Sim claro podemos dizer que a ASAE não tem nada a ver com o facto de eu grampear o telefone da namorada que não tenho, mas tem a ver com a compra do material necessário a tal procedimento levada hipotéticamente a cabo por mim.
Compro um emissor e receptor e um mini amplificador, numa loja aberta ao público em geral, gravo as conversas de forma ilegal.

O que é que a ASAE tem a ver com isso?

Parece não ter nada a ver com a utilização mas teria o dever de impedir que eu comprasse esse equipamento, bloqueando a sua venda.
Com que fins? A ASAE existe para impedir fraudes, fiscalizar a qualidade dos produtos alimentares e outros, verificar até se as empresas pagam os seus impostos por forma a detectar e minorizar fraudes tributárias.
As suas atribuições variam entre a saúde pública (no âmbito da segurança alimentar) , combater a concorrência desleal à margem da lei e o interesse superior do estado que não pode ser lesado económicamente.
As suas competências destinam-se (ou deviam destinar-se) a atingir as atribuições acima descritas.

Um inspector da ASAE refere ainda
as pessoas que compram este tipo de materiais gostam de montar todo o equipamento em casa, onde é mais difícil apanhá-los

...e querem entrar pela casa das pessoas adentro para "as apanhar", pena que isso não seja fácil não é sr. inspector? Apetece-me mandá-lo "ir apanhar" noutro lado, mais obscuro.

Em suma, temos uma Super-Polícia sem competências para o ser e mais grave ainda: com atribuições elásticas.

Eu já vi na estrada algumas operações stop feitas por pessoas com coletes da ASAE a mandar parar veículos ligeiros com o intuito de verificar documentos.

Para que serve a Brigada Fiscal da GNR? Para que serve a Polícia Judiciária? Para que servem as brigadas da PSP?

Is it a bird? is it a plain? No!!! it's Super-ASAE!




ASAE

então mas não se pode ter um micro pequenino sem fios, um receptor e um amp?

Inspecção: Apreensão de material
ASAE caça escutas ilegais

(...)
MATERIAL ILEGAL

- Circuito amplificador que permite aumentar o som captado

- Este minimicrofone é um emissor muito fácil de construir, sugere o rótulo

- Pode ser usado em intercomunicadores, telefones, sistemas portáteis ou em carros

in Correio da Manhã

Acrescento que pode também ser usado para algo tão singelo como um pickup de uma guitarra de caixa. Dizer que os micros pequeninos, sem fios, com amplificador, só servem para ouvir conversas alheias é o mesmo que dizer que as facas só servem para esfaquear, os isqueiros só servem para incendiar e os cães só servem para morder.

Lá que alguém queira a todo o custo acabar com as escutas por ter algo a esconder, ainda vá que não vá...


Ontem atropelei um gato :(

Atravessou-se à frente do meu carro a correr, eu travei a fundo, reduzi, meti o carro todo de lado e ía tendo um acidente mas não consegui evitar.

Ficou lá estendido.

Tenho muita pena, mas foi-me impossível de evitar.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Por razões pessoais este blog vai ser actualizado com menos frequência, ou talvez não. Depende de alguns factores.
what is this thing, that builds our dreams and takes them away from us?