Manuela Moura Guedes e o Jornal Nacional

Eis que ligamos a televisão e seleccionamos a TVI. São oito da noite. Manuela Moura Guedes surge-nos re-re-recauchutada, qual Fénix desvirtuada pelos betumes da cosmética.

Está de pé como as árvores, encostada à secretária enquanto olha de soslaio para a camera errada, olha para trás como se nada fosse, como se não tivesse planeado nada, calhou estar ali e já agora aproveita e apresenta o Jornal Nacional.

Aliás, toda aquela casualidade é apenas denunciada pelos trajes nada casuais que usa. Desde lilás até castanho, de vermelho a azul, por ali tudo passa e tudo reluz qual abeto natalício enfeitado ao calhas por dois pares de crianças autistas.

Os colares bijutéricos, berloques e pendericalhos de Manuela são tão luzidios que concerteza pesarão na conta da luz da TVI. Porém, a instalação dos ornamentos que dela pendem é de tão baixa qualidade que, se observarmos melhor podemos ver a ficha ligada à tomada eléctrica no chão, bem como as fichas triplas escondidas por debaixo da desvolumada cabeleira da senhora.

Aspirando de forma naturalmente audível, abre a sua magnânime cavidade bocal como se fosse mergulhar nas profundezas do oceano.
Ocorre-me a imagem de um qualquer cetáceo aspirando doses industriais de plâncton, como se não houvesse amanhã.

Os seus enfezados músculos faciais não mexem, permanecem imóveis enquanto os olhos circulam no sentido do teleponto.

A Boca do Inferno abre-se para não mais fechar.

O Botox de Manuela, não mais terá descanso.

Opina, critica políticos, governantes e afins, manda abaixo, sorri quando fala de Paulo Portas, mostra os dentes, irrita-se, abana a cabeça num ar de reprovação quando o assunto é José Sócrates.

Como boa sociopata com direito de antena que é, Manuela parece uma nova versão de treinador de bancada no plano político e social do país.

As reportagens têm sempre uma opinião, um bota abaixo, um venenozinho, um toque de cinismo, tudo é mau, tudo é feio, tudo é negro, tudo é jornalismo pimba e de muito fraca qualidade.