quarta-feira, 23 de maio de 2012

Dia Mundial da Tartaruga




 Observando aquilo que se vai passando em Portugal, esta ideia do dia mundial da tartaruga traz-me algumas recordações da minha infância, nomeadamente as Fábulas de la Fontaine. Designadamente uma em concreto: A Lebre e a dita Tartaruga.

Esta fábula é atribuída a Esopo mas recriada/recontada por La Fontaine.

Diz-nos esta fábula que o Coelho, correcção: a Lebre, "armada aos cucos" desafiou a amiga tartaruga para uma corrida que sabia que não podia perder. Tendo-se a si mesma como um ser extremamente ágil e veloz, a lebre era garantidamente a legítima vencedora à partida. Quase nem era necessário competir pois já era vencedora antes sequer de correr.

A tartaruga porém, já com muitos anos de carapaça em cima das costas, sabia que o caminho só se completa de uma forma: Caminhando. Sem medo de perder, resolveu aceitar, iniciando de imediato a sua demanda pelo sucesso através de muito, muito treino.

Ao mesmo tempo o Coelho, perdão, a Lebre, sem qualquer tipo de treino apenas se limitava a gabar as suas próprias qualidades garantindo a todo o tempo que a vitória seria sua num piscar de olhos. A Tartaruga treinava incessantemente e em silêncio.

Chegado o dia da grande corrida, eis que é dada a partida pelo amigo Rato, que sendo parente da Lebre, não pode deixar de torcer por este seu primo orelhado e dentola.

«Força Lebre!!!» Gritava.

A Lebre acelerou imenso no início mas depois deixou de ter visibilidade sobre a sua rival Tartaruga, estava um sol queimante, tinha uma tremenda vantagem sobre a sua competidora e avistando uma sombra confortavelmente fresca não hesitou em deitar-se nela.
Tão confortavelmente fresca que acabou por adormecer.

A Tartaruga continuava (com toda a força que tinha nos membros) a dar o melhor de si, não importava porque nem porque não: Ela tinha que seguir em frente, passos, correcção: Passo a passo.


Quando a lebre acordou já a tartaruga estava mesmo a chegar à meta. Levantou-se num ápice, correu, correu muito mas apesar de dar tudo o que tinha para dar, de correr a uma velocidade alucinante, a tartaruga dando tudo por tudo venceu.

Isto tudo arrasta-me para uma analogia irresistível: Uma Lebre que é um Coelho, animal medroso mas arisco, muito nervoso e impaciente, sempre com pressa, muita pressa.

Uma Tartaruga que é uma crise. Crise esta com cerca de 900 anos de idade, qual tartaruga ancestral, muito sábia mas sobretudo bastante sabida, muito experimentada, guardando em si mesma uma persistência inigualável.


O Coelho (por correr muito) perde depressa,

A Tartaruga vai ganhando lentamente.

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